O que se tem verificado em alguns estudos animais, não foi propriamente um aumento do pH sanguíneo mas sim um aumento dos níveis séricos de bicarbonato, algo que é normal uma vez que uma das razões que torna estas águas mais alcalinas é justamente uma maior presença de bicarbonato na sua composição sendo este amplamente utilizado no âmbito da nutrição desportiva precisamente com o objetivo de diminuir o efeito indesejável que a produção de ácido láctico tem na performance. Aliás, o único efeito relativamente bem estudado relativamente às águas alcalinas passa pelo seu papel no metabolismo ósseo, sendo aqui bem mais importante (à semelhança do limão), o seu potencial ácido do que o pH por si.
Águas com menor PRAL (potential renal acid load), parecem ser capazes de diminuir a reabsorção óssea (passagem do cálcio do osso para o sangue), sendo que uma forma simples de avaliar o potencial ácido de uma água através do seu rótulo não se cinge ao seu pH, mas principalmente à análise da sua quantidade em Sulfato (S042-), que se deseja a menor possível em contraponto com as quantidades de Cálcio (Ca2+) e Bicarbonato (HCO-3). Claro está que no bolo total da nossa alimentação e estilo de vida existem muitas outras ações mais prioritárias do que a escolha do tipo de água até porque a relação entre o potencial ácido da dieta a saúde óssea está longe de ser consensual.
Como tal, ter sucesso na colocação da alimentação ao serviço da nossa saúde, seja na gestão ou perda de peso, aumento da massa muscular ou melhoria da performance, é um processo que depende sobretudo da consistência na repetição de boas ações. De nada adiantará iniciar o dia com água alcalina, gotas de limão, sumos detox, drenantes e afins se essa preocupação não for transversal ao longo do dia. Mas como chegamos sempre à conclusão de que mais do que os meios interessam os fins, se a pessoa se sentir “especial” por ingerir uma água alcalina e se isso o fizer acreditar que a sua saúde vai melhorar e consequentemente ingerir mais água fantástico! Por vezes é (literalmente) necessário turvar as águas para pescar melhor…
O que podemos concluir?
Se a pessoa fuma e bebe álcool numa base diária, é sedentária e não atinge as 3-5 porções diárias de fruta e legumes, certamente que não é o pH da água que a vai “desintoxicar” ou melhorar a sua massa óssea. Na saúde como na vida, é preciso habituar-se a não dar prioridade aquilo que é acessório.
Mesmo as águas com pH mais ácido possuem quase sempre um potencial “mais alcalino” do que ácido. Ainda assim, se quisermos ir ao detalhe dos detalhes, procurar as águas com menor teor de sulfato e maiores quantidades de cálcio e bicarbonato.