Alergias alimentares: Parte II

Anteriormente introduzi aqui o tema das alergias alimentares. Tal como prometido hoje vou falar-vos sobre as manifestações da alergia alimentar bem como o seu diagnóstico.

Como se manifesta a alergia alimentar?
As manifestações clínicas da alergia alimentar podem ser ligeiras, moderadas ou graves e os sintomas surgem rapidamente entre alguns minutos até 2h após a ingestão do alimento. As manifestações podem ser cutâneas: urticária, comichão, sensação de aperto na garganta; gastrointestinais: vómitos,
dores abdominais e diarreia; respiratórias: dificuldade em respirar; e até mesmo cardiovasculares: diminuição da pressão arterial e perda de consciência.
Estas manifestações podem ocorrer de forma isolada ou combinada. No entanto, a manifestação mais grave é a ANAFILAXIA: uma reação alérgica rápida, generalizada e potencialmente fatal. É caracterizada por manifestações na pele associadas ao início rápido: dificuldade respiratória, quebra de tensão e/ou desmaio. A reação anafilática pode ocorrer não somente quando o alergénio é ingerido mas também quando este é inalado, através do vapor ao cozer o alimento ou por contacto direto com a pele. As alergias que mais se associam à anafilaxia são a alergia ao leite de vaca, ovo, peixe, marisco, amendoim e frutos de casca rija. Existe também uma manifestação de alergia alimentar ao consumo de alguns hortofrutícolas: melão, banana, kiwi ou pêssego denominada SÍNDROME DE ALERGIA ORAL que se caracteriza por um aparecimento de sintomas como edema e prurido na zona dos lábios, boca e garganta.

Como se diagnostica a alergia alimentar?
Pelo médico, especialista em imunoalergologia através do levantamento da história clínica e por procedimentos padronizados realizados em ambiente hospitalar nomeadamente: testes cutâneos por picada e a prova de provocação oral que é o método de diagnóstico-padrão.
Testes cutâneos por picada
Consistem em colocar uma gota de um extrato comercial de um alimento sobre a pele seguido de uma pequena picada para averiguar se existe reação. Estes testes podem ainda serem feitos utilizando alimento em natureza ou cozinhados picando primeiro o alimento e depois a pele.
Os testes cutâneos positivos não significam só por si que existe uma alergia alimentar sendo apenas indicadores de sensibilização.
Prova de provocação oral
Constitui um método padrão para o diagnóstico de alergia alimentar. Esta prova consiste na ingestão de doses progressivamente maiores dos alimentos em que se suspeita ser alérgico ou conter o alergénio para aferir o limiar de
tolerância. Esta prova é feita em ambiente hospitalar sob vigilância clínica apertada.
E sobre os famosos testes de intolerância alimentar, são fidedignos?
Não são método de diagnóstico de alergia alimentar visto que estes identificam exposições prévias ao alimento, isto é, uma resposta normal do organismo assim, não têm fundamentação nem utilidade diagnóstica e levam muitas vezes a restrições alimentares desnecessárias e com consequências graves.

Num próximo post irei abordar alguns exemplos práticos. Fiquem atentos! 🙂